segunda-feira, 16 de maio de 2011

Resenha sobre o documentário “Arquitetura da Destruição”

Por: Gabriela Zimberg
Ficha Técnica:
Título original: Architektur des Untergangs;
Ano, 1992;
Direção: Peter Cohen;
Gênero: Documentário;
Narração: Bruno Granz;
Duração: 121 minutos
Resenha:
O documentário “Arquitetura da Destruição”, produzido por Peter Cohen no início da década de 90 retrata todo o processo nazista, desde seus “fundamentos infundados” até sua queda, conseqüente da obsessão Hitlerista pela “eugenia” que concernia à purificação do povo ariano, sendo somente possível por meio da aniquilação de todos os seres que não se encaixassem no padrão nazista.
No entanto, o documentário se diferencia dos demais, que retratam a mesma situação de modo factual ou de um ponto de vista humanista. Nesta produção, o projeto nazista é embasado na mentalidade de Hitler.
O führer tem no filme reveladas todas as suas características que justificam os fundamentos nazistas. Sua fixação pela medievalidade e pela antiguidade, por lutas que visavam ideais utópicos, de uma sociedade bela e perfeita. Aí se encaixam os gregos e romanos antigos, a era renascentista e todos os que a registraram artisticamente, por meio da pintura, música e arquitetura, derivando desta o título do documentário.
No entanto, a busca pelo belo englobava também para Hitler o campo da medicina, que seria por sua vez um veículo chefe na “limpeza” da população. O médico na era nazista poderia também ser chamado de “Anjo da Morte”, como o é referido até hoje, por seu papel decisivo sobre a vida daqueles que não se adequavam ao pré-mencionado padrão do regime totalitário.
Aqueles que não se encaixavam no padrão, eram classificados como uma ameaça à saúde da população exemplar e precisavam ser finalizados. Esse processo se iniciou com deficientes mentais e físicos e depois englobou os judeus, negros, ciganos, homossexuais, entre outros.
Além do embelezamento da população, Hitler almejava também o embelezamento de seu país. Espelhando-se em Paris, Roma e Atenas, visava erguer uma cidade tão bela e imponente que deixaria as outras às sombras. Essa cidade seria a nova capital da Alemanha nazista e se chamaria Linsz. Seria projetada pelo próprio Hitler, arquiteto e artista frustrado e edificada e aperfeiçoada por seu braço direito, o arquiteto Albert Speer.
A partir deste ideal, Hitler iniciou a construção de diversos museus de arte e visava também à edificação de verdadeiras casas culturais, aonde seriam oferecidas música e obras de arte de acordo com o padrão de belo para ele adequado. Fora deste padrão estava o modernismo, que, segundo o führer figurava o deformado, o retardado e que seus produtores e admiradores estavam fora de suas faculdades mentais. Dentre estes produtores e admiradores, Hitler destacou, não por acaso, os judeus.
No filme são mostradas diversas imagens das 3000 obras que Hitler adquiriu ao longo de seu mandato, com o intuito de um dia as expor no museu de arte de Linsz que, ao estar pronto, seria maior e mais belo do que qualquer outro. Além das obras que eram adquiridas para o acervo do museu, são mostradas também as esculturas e quadros que os artistas contratados por Hitler produziam freneticamente com o objetivo de embelezar a nova Alemanha e enaltecer os responsáveis por seu “progresso”.
O contexto histórico no qual o documentário foi produzido sucedeu, não por acaso, a queda do muro de Berlin, figurando por sua vez a queda do regime socialista soviético. É possível, portanto, estabelecer uma relação encontrada pelo autor em um momento oportuno, no qual o segundo regime totalitário ruía às revoltas do povo, adicionando mais um comprovante à teoria dos regimes totalitários falhos e infundados que começava a ser instaurada na consciência social mundial.

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